domingo, 13 de setembro de 2009

PARAENSES NO PRÊMIO CLAUDIA 2009

CATEGORIA: CIÊNCIAS

Ima Vieira

Proteção à Amazônia

O lugar onde a barbárie se encontra com a modernidade. Assim a agrônoma e geneticista Ima Vieira, diretora do Museu Paraense Emilio Goeldi, define o Arco do Desmatamento, faixa que abrange parte dos estados do Pará, Tocantins, Mato Grosso, Rondônia e Acre, área das frentes pioneiras de ocupação agropecuária.
No museu, instituição de pesquisa mais antiga da Amazônia e uma das mais tradicionais do país, ela comanda um centro de pesquisas, o Parque Zoobotânico e um acervo de 4 milhões de itens, entre coleções biológicas, arqueológicas e etnográficas.
Apesar da diversidade de seu trabalho, o foco principal da pesquisadora paraense é a ecologia da parte mais desmatada da Amazônia. “Ali encontramos sistemas de uso da terra produtivos e modernos juntamente com sistemas rudimentares, exploração predatória, desrespeito às leis ambientais, grilagem de terra e trabalho escravo”, enumera.
Uma das mais atuantes e respeitadas pesquisadoras na compreensão da ecologia da floresta tropical e de sua regeneração nas regiões devastadas, Ima estuda a dinâmica da pecuária e a relação com o desmatamento desde os anos 1980.
Tem seis livros e vários artigos publicados e seus estudos dão subsídios técnicos e científicos para políticas públicas de restauração de áreas de preservação no Pará. Ela participa ativamente da preparação de projetos científicos, redes temáticas, formulação de políticas públicas e da construção de agendas científicas e ambientais para os ministérios da Ciência e Tecnologia e do Meio Ambiente e para a Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará. “Meu papel é analisar e elaborar cenários sobre os processos de ocupação da Amazônia. Isso auxilia a tomada de decisão nas esferas local, regional e nacional.”

CATEGORIA: POLITICAS PÚBLICAS
Carmen Foro
Contra a violência no campo Antes de aprender a ler e escrever, ela teve de aprender a nadar. “Nós remávamos até a escola, e o barco podia virar”, conta Carmen Foro.
Na infância, em Moju, no interior do Pará, ela aprendeu a negociar com os remos, o lápis e a enxada. Pela manhã, estudava e, à tarde, trabalhava na roça.
Hoje, em Brasília, as negociações são mais complexas. Carmen luta pela autonomia econômica das agricultoras e para dar visibilidade à violência sofrida pelas mulheres do campo e da floresta. Na zona rural, o pedido de socorro não é ouvido”, alerta.
Isoladas nas roças, as mulheres não contam com o apoio de vizinhos nem de delegacias da mulher e casas de abrigo. Carmen é coordenadora da Secretaria de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura e mobiliza líderes do campo nos estados para, unidas, organizarem manifestações – como a Marcha das Margaridas e a primeira campanha nacional Viver sem Violência, Direito das Mulheres do Campo e da Floresta, lançada em 2008 pelo governo federal em parceria com as lideranças rurais.
Ela coordenou uma pesquisa sobre violência no campo e a elaboração de uma cartilha de orientação para as vítimas. Quando não está nos ministérios ou nas secretarias cobrando do governo os direitos das agricultoras, Carmen, que é vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores, viaja pelo país para participar de campanhas e cursos de capacitação. “Qualificamos as mulheres rurais para que assumam cargos de direção nos sindicatos e em órgãos públicos.” Hoje, muitas já têm voz e comemoram conquistas como licençamaternidade, previdência e título de terra e a constituição pelo governo do Fórum Nacional de Enfrentamento da Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta.

CATEGORIA: TRABALHO SOCIAL
Antonia Melo
Luta por justiça Ao caminhar pelas ruas de Altamira, cidade paraense à beira do rio Xingu, Antonia Melo é constantemente solicitada. “As pessoas chegam com todo tipo de problema: violência em casa, perda de terra, doenças”, diz Antonia.
Ela ouve, orienta e recebe um abraço de despedida. O carisma e respeito como liderança popular numa das regiões mais violentas do país – onde assassinaram a missionária americana Dorothy Stang – foram conquistados em mais de três décadas de luta pelos direitos das mulheres, das crianças e do meio ambiente.
Como a freira, Antonia é uma mulher de coragem. Não se intimida com as ameaças que recebe e viaja por toda a Transamazônica e pelo rio Xingu reunindo e incentivando trabalhadoras rurais, ribeirinhas e indígenas para que se organizem e reivindiquem direitos como saúde, educação, previdência e denunciem a violência doméstica e a ação nefasta de grileiros.
Uma das coordenadoras da Fundação Viver, Produzir e Preservar e do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA Regional), a ativista e ambientalista também está à frente de manifestações em defesa da terra e contra a construção de uma hidrelétrica na região. Nascida no interior do Piauí, Antonia chegou em Altamira aos 5 anos com os pais, pequenos agricultores.
A partir dos anos 1980, ajudou a fundar vários movimentos sociais de mulheres e de defesa de menores e foi a primeira conselheira tutelar da cidade. Também já esteve várias vezes em Brasília para levar aos governantes reivindicações de seu povo. “Graças à união e à pressão das entidades sociais, conseguimos a instalação de um hospital e um abrigo para menores, implantação do programa Luz para Todos na zona rural e da delegacia da mulher, além de melhorias na educação e na Justiça.”

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